A coleção Grão nasceu dessa observação e do encantamento com os processos de transformação e sublimação na natureza — do universo microscópico do grão até a presença singular de uma pérola. Elementos como formigas, ostras, ovos e mãos surgiram como objetos simbólicos de investigação desses conceitos.
Se, por um lado, as minúsculas formigas comumente simbolizam a ordem e a disciplina na natureza, proponho uma provocação ao sugerir que esses animais sejam percebidos como forças que transformam inquietamente. Obedecem a uma ordem invisível — são metáforas do que há de mais profundo na mente humana, a inquietação do desejo.
Cada pérola é uma escultura única, com suas próprias características, formas e personalidade. A beleza e o caráter singular desse elemento sempre me fascinaram, especialmente quando compreendemos seu processo de formação.
A pérola nasce do desconforto: um grão de areia ou uma impureza penetra a ostra e, como resposta, camadas de nácar são depositadas sobre ele, criando algo precioso e singular. Metaforicamente, esse elemento torna-se um símbolo de sublimação, do nosso poder de transformar adversidades em algo extraordinário. Ensina-nos também sobre o respeito ao tempo, sobre a importância de olhar para cada camada de um processo com a calma que o ritmo da natureza impõe.
Evocando a psique e homenageando o corpo feminino em suas formas irregulares, a pérola tem seu berço oculto nas águas do mundo.